15.2.09

Aumenta o Som...


Como eu já esperava, manter dois blogs não é fácil... Acabo me dedicando muito mais ao blog da Red Cube do que este! Não prometo nada aqui, mas vou tentar ser mais frequente...


Em janeiro o pessoal da Revista Webdesign me convidou para participar de um especial sobre a influência da música em projetos interativos.

Além de mim, vários outros profissionais participaram tornando a matéria bem interessante... vale a pena ler. (sem jabás, heheh)

Embora eu não seja um especialista, foi muito bacana responder as questões deles, e a matéria foi lançada na edição de fevereiro. Mas é claro que com tanta gente bacana na matéria, nem todas as minhas considerações foram aproveitadas, daí achei legal compartilhar com vocês...

Abaixo coloco todoas as minhas respostas, na íntegra:


Revista WebDesign
- Do canto dos passarinhos ao amanhecer ao barulho urbano ensurdecedor dos grandes centros urbanos, os estímulos auditivos são presença constante no cotidiano da sociedade moderna. Muitos profissionais têm utilizado a música como fonte de inspiração. Pensando nisso, como você procura inserir a música dentro do seu dia-a-dia profissional? Ela ajuda na criação ou pode tirar a concentração de uma equipe?

Léo Palagi - É difícil não estar imerso em música hoje em dia, por isso, se julgarmos que ela pode tirar a concentração, então estaremos diante de um grande problema. Como exemplo, a primeira coisa que fiz ao começar a responder estas perguntas foi dar play numa tag de Drum & Bass na LastFM.

O que deve ser levado em consideração são gostos musicais, e isso levo bem a sério.

Minha equipe ouve música o tempo todo e, acredite, são gostos bem heterogêneos, por este motivo incentivo bastante o uso de fones de ouvido o que, na minha opinião, além de ajudar na concentração do ouvinte ajuda também os que não querem ouvir “aquele novo hit grudento” da semana (hahahah).

Claro, há os momentos de descontração, onde alguém coloca o novo funk, o novo sertanejo ou qualquer outra coisa pra todo mundo na produção ouvir... e costuma (quase sempre) ser bem aceito pelos demais.

Revista WebDesign - O surgimento de novas tecnologias digitais proporcionou uma grande revolução na estrutura de produção e consumo da indústria musical. Dentre as principais transformações, temos a democratização da produção e da distribuição. Diante disso, quais lições esta realidade trouxe para o cotidiano do profissional que trabalha com internet?

Léo Palagi - A Internet sempre foi produzida pelos seus usuários! E isso cria uma seleção natural em seu conteúdo relevante.

O grande fato, sob a ótica da música, é que bandas que talvez nunca sairiam da garagem hoje viram grandes sucessos de público por terem acesso a este canal.

Conheci várias bandas somente através da web (conhece o Libera o Badaró? http://www.liberaobadaro.com.br ), e isso nos mostra o poder deste canal.

Não só para profissionais da web, mas para a maior parte do mercado de comunicação, a música on-line nos mostra que voltamos a época de darmos mais importância ao talento do que ao “jabá”.

E olha que nem vou citar “Malu Magalhães” nessa resposta... heheheh.

Revista WebDesign - Nos últimos anos surgiram dezenas de ambientes digitais com o foco na música, que acabaram se tornando poderosas ferramentas para formação de redes sociais. De que maneira estes ambientes podem ser integrados dentro de uma estratégia de comunicação de uma marca?

Léo Palagi - Talvez seja mais fácil pensar “de que maneira não seria”...

Um modo simples é estudar comportamento de consumidor nas redes sociais musicais.
O Last FM apresentando seus perfis musicais é um grande exemplo. Uma passada por lá pode nos mostrar os estilos de preferência de um determinado público e depois ser utilizado na estratégia de uma marca para definir o estilo musical que irá apoiar uma comunicação.

Temos ainda o blip.FM, que aliado ao Twitter nos dá informações de músicas citadas dentro de determinado assunto que está sendo comentado no momento. Novamente nos mostrando comportamento do consumidor em relação a temas e músicas.

Ainda falando sobre comportamento de consumidor, temos o MySpaces que obviamente é parada obrigatória para pesquisar o que se tem falado sobre música.

Revista WebDesign - A gravadora brasileira Trama foi uma das principais empresas do segmento a se adaptar aos novos tempos. Em manifesto publicado no site da gravadora (http://trama.uol.com.br/portalv2/noticias/index.jsp?id=9385), os presidentes André Szajman e João Marcello Bôscoli ressaltam que “a tecnologia existe para servir a música e não o contrário”. Dos MIDIs ao MP3, quais foram as principais transformações no uso de recursos sonoros na internet?

Léo Palagi - Não há muito como comparar.

Quando começamos a fazer internet simplesmente não usávamos áudio.

Ainda lembro quando gravava sons em WAV. Um arquivo enorme com uma qualidade péssima.

Hoje com a compactação e qualidade dos MP3 temos como inserir áudio em praticamente qualquer coisa, transformando a música em elemento comum da web.

Basicamente o MP3 veio para mudar a maneira como consumimos música, na web e fora dela.

Revista WebDesign - A expansão do acesso à internet via banda larga possibilitou que a criação de projetos interativos pudesse ampliar o uso de recursos de vídeo e áudio, tornando estes elementos como itens úteis para melhorar o período de experiência do usuário pelo ambiente. Que tipo de funções os recursos sonoros podem (e devem) assumir dentro de um site?

Léo Palagi - De efeitos sonoros a players de música, devemos aplicar todo tipo de recurso de áudio desde que tenhamos cautela em procurar a relevância do “barulhinho” que se coloca lá.

Antes de mais nada, deve-se entender quem é nosso público, se vamos conseguir ter foco para ele, se há motivo para termos música ou efeitos sonoros e em muitas vezes optar em não por nada, pois podemos cair de “experiência agradável” para “um baita site chato” na opinião do usuário. Sites com público abrangente demais tendem a ter teste tipo de barreira na hora de definir músicas e efeitos sonoros.

Relevância é a palavra do momento, inclusive neste fator. Sou muito cuidadoso ao decidir optar por ter ou não áudio em um projeto.

Revista WebDesign - Quais são as etapas necessárias para se incluir recursos de áudio em um site? E que tipos de conhecimentos e ferramentas um profissional precisará utilizar para trabalhar com esta funcionalidade?

Léo Palagi - As etapas acho que citei na questão anterior.

Sobre os conhecimentos para o profissional, creio que seja necessário um trabalho de uma equipe multidisciplinar na definição de recursos de áudio para um site.

Desde o pessoal da Criação que define a necessidade de ter o recurso até o Editor de Áudio que vai produzir efeitos e loops para o projeto (este precisa conhecer um bom software de edição de áudio), passando sempre por pessoas que cuidam das questões burocráticas na hora de conseguir os direitos autorais dos músicos que criaram a obra que será utilizada.

Neste caso, vale ressaltar que é muito importante entender como funcionam os contratos de cessão de direitos autorais das gravadoras ou como funciona a utilização de “trilhas brancas” que são músicas e efeitos de utilização livre que costumam estar presentes em diversos projetos que vemos por aí.

Revista WebDesign - Os podcasts tornaram-se um formato muito utilizado pela internet, inclusive em projetos envolvendo campanhas on-line de grandes marcas. Quando devemos recomendar sua criação e quais são as vantagens da utilização deste formato?

Léo Palagi -
Novamente, reforço a importância de entender o público consumidor da marca.

Se tivermos certeza de que o consumidor da marca já usa podcasts ou poderia se tornar um utilizador, basta que a campanha tenha espaço para isso.

Dois exemplos interessantes são a Tecnisa (http://www.tecnisa.com.br/institucional-podcast.html) que faz podcasts em formato informativo e a Heineken que tem um formato mais descontraído, com um set list preparado pelo Maestro Billy (www.heineken.com.br/index.php?page=podcast).

Podcast é uma maneira de aproximar o usuário da marca, que pode levar o conteúdo em seu Ipod, MP3 Player e até em seu celular.

Revista WebDesign -
Citar dois exemplos de projetos interativos que representem bons exemplos no uso de recursos sonoros pela web, justificando o porquê da escolha.

Léo Palagi -
Vou citar três:

Radio Lance – http://www.radiolance.com.br/ - Rádio Exclusivamente on-line, conta com programação diária ao vivo fazendo mix com conteúdos do Portal Lance

Tecnisa - http://www.tecnisa.com.br/institucional-podcast.html - Apresenta vários tipo de informação, de construção e decoração à tecnologia e relações com investidores

Heineken - www.heineken.com.br/index.php?page=podcast – Programa semanal com uma hora de duração apresentando set lists de diferentes Djs

Revista WebDesign -
Dentro deste especial, vamos publicar um box com uma playlist das músicas que inspiram os criativos consultados na matéria. Assim, pedimos que você indique três músicas (nome da música e nome da banda) que inspiram a sua criação.

Léo Palagi -
Só três? Pode ser trinta? Hehehe. Vamos lá, as principais seriam:

- Perfect Strangers – Deep Purple
- Porcelain Natural Blues – Moby
- Da Lama Ao Caos - Chico Science e Nação Zumbi